Timbrado Espanhol Original – Canaril Divini
Criador de Canário de canto
Timbrado Espanhol Original
Sócio CICC – IC054 – Localizado em Cotia/SP.
A história do canário tem início por volta do ano 1400, quando o Infante Henrique, o Navegador, enviou uma expedição ao Arquipélago Canário, liderada pelos capitães franceses Juan de Bethencourt e Gadifer de la Salle, a serviço da coroa portuguesa. Nessas ilhas, os exploradores encontraram uma espécie de pássaro da família dos fringilídeos, o “Serinus canaria”, vivendo em estado selvagem, que os encantou tanto pela beleza de sua plumagem quanto pela suavidade do canto.
Esses pássaros chamaram tanta atenção que os navegadores decidiram levar alguns exemplares em sua viagem de volta. Foi assim que o canário passou a ser conhecido fora das ilhas. Seu nome, aliás, deriva diretamente do arquipélago, chamado de “Ilhas Canárias” (do latim Canariae Insulae, “ilhas dos cães”), nome dado em referência à presença de uma raça de cães de grande porte que habitava as ilhas.
Com o passar do tempo, o fascínio por esses pequenos cantores cresceu de forma impressionante, e os canários passaram a ocupar lugar de destaque nas casas da nobreza europeia. Durante aproximadamente um século, os canários silvestres foram mantidos em sua forma original, sem cruzamentos. No entanto, certa vez, um grupo escapou de uma criação na Toscana, na Itália. Como o clima era semelhante ao das ilhas, eles se adaptaram rapidamente, reproduzindo-se em liberdade e cruzando com outras aves. Disso resultaram novas raças, todas com características únicas e encantadoras.
Originalmente, o Serinus canarius apresentava uma plumagem escura, com tons esverdeados, acinzentados e amarelados. No entanto, com o tempo e as diversas mutações e cruzamentos seletivos, a coloração predominante passou a ser o amarelo que hoje se tornou símbolo da espécie.
Em 1555, o naturalista suíço Conrad von Gesner publicou o livro Historia Animalium, no qual descreveu cientificamente o canário, chamando-o de Avicula sachari (“passarinho do açúcar”). Naquela época, as Ilhas Canárias eram grandes exportadoras de cana-de-açúcar, sendo inclusive chamadas de “Ilhas do Açúcar” em alguns mapas da época. Como os canários eram frequentemente vistos nas plantações de cana, surgiu a lenda de que sua alimentação à base de açúcar seria a responsável pela doçura e clareza do seu canto.
Com a crescente navegação comercial, navios vindos das Canárias aportavam em diversos portos europeus, levando consigo essas aves encantadoras. Sua docilidade e beleza fizeram com que rapidamente se tornassem admirados em toda a Europa. O rei Luís XI da França, por exemplo, já possuía casais de canários no final do século XV. A popularidade da espécie se espalhou e, a partir do século XVI, os canários se tornaram presença comum nos lares europeus.
No século XVIII, a região do Tirol, nos Alpes, destacou-se como o principal centro europeu de criação de canários. A exportação se intensificou com o trabalho dos buhoneros, comerciantes especializados no transporte dessas aves. Eles percorriam países levando canários a mercados e feiras populares, onde muitas vezes eram realizadas festas e até competições entre compradores, sempre em busca do exemplar com o canto mais refinado.
Os alemães se destacaram pela criação criteriosa e meticulosa, sendo a cidade de Nuremberg considerada um dos principais centros de aprimoramento da espécie. Foi também na Europa que ocorreu a primeira mutação notável: alguns canários nascidos em Lancashire (Inglaterra) apresentavam uma espécie de “coque” de penas na cabeça. Essa característica foi preservada por algum tempo na variedade conhecida como Manchester, embora tenha desaparecido e reaparecido em outras linhagens ao longo dos anos.